Era segunda-feira. Talvez mau dia para pedir aumentos porque estamos mal-dispostos por voltar ao trabalho. Mas talvez bom dia para dizer que queremos ir embora. Como está tudo mal-disposto, ninguém vai pedir-nos para ficar (e é bem mais fácil quando não nos criam obstáculos).

Ao contrário do que pensei, o chefe estava bem-disposto. Entrei-lhe pelo gabinete e expliquei que tinha chegado o meu fim. Literalmente! Ou saía dali em três tempos ou passava a ficar em casa uma semana por mês com problemas de estômago e de barriga, o que em breve me levaria a ficar sem saúde (não disse isto, claro, mas pensei enquanto falava).

Não sei se os vossos pais eram do tipo "cool" e vos incentivavam na adolescência a fazer maluquices. Este chefe tornou-se mais moderno que o meu pai e disse que eu fazia muito bem em mudar de vida (só lhe faltou dizer que se estivesse no meu lugar fazia o mesmo).

Confesso que fiquei ofendida e triste. Eu sei que me queria ir embora, mas pensei que ele me fosse valorizar mais e convencer a ficar. Em vez disso, a conversa de "a vida são dois dias"; "tens de aproveitar enquanto tens essa idade"; bla bla bla... Eu não ia voltar atrás, mas ia olhar para ele com outros olhos e podia até mudar a imagem que tinha construído dele.

Além de coragem e determinação também tenho o orgulho muito apurado. Agora que decidi está decidido. E para não dar parte fraca nem que tenha de vender a casa, mas ficar aqui já não fico.


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