"O que foste fazer?!" foi a expressão que mais ouvi nos dias que se seguiram ao anúncio da minha decisão. Como devem calcular não veio dar-me muita confiança nem entusiasmo. Até que resolvi criar defesas. Comecei a responder que a crise está na cabeça das pessoas (e, de certa forma, até está) e que de certeza que vou conseguir. Nos casos mais complicados e persistentes em desencorajarem-me cheguei mesmo a dizer que ou mudavam o discurso ou era a última vez que falavam comigo. E resultou. Uns mudaram de discurso; outros foi mesmo a última vez que me contactaram.

O importante quando se toma uma decisão destas é nunca nos arrependermos. É quase como um suicídio, julgo eu saber. Se já dei o passo irreversível, nada de arrependimentos. Não me arrependi, mas confesso que lutei minuto a minuto contra as opiniões derrotistas dos outros e contra a minha própria mente que de vez em quando duvidava da decisão. Acho que é mais o medo de não subsistir que outra coisa. Que se lixe se nunca mais voltar a fazer o que fazia (neste momento já nem gostava muito!). Que se lixe a treta do estatuto. A minha morte interna foi tão grande que até estava disposta a abdicar de anos de estudo e uma década de trabalho lutado na profissão para simplesmente servir chás. Mas em casas com estilo, música ambiente e cheirinho a scones. E chás de vários tipos para me poder dar luta misturar sabores e aconselhar clientes.

Devaneios de quem tem de se convencer que tomou a decisão certa. E eu sei que tomei. Se estou louca como os outros me vêem?! Acho que não, mas em breve saberei a resposta.


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